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Um Escritor Fantasma na Escola

Desde a minha infância, ler e escrever sempre foram atividades que simplesmente faziam sentido para mim. Fui alfabetizado um ano antes que meus colegas de escola e, creio que não somente por isso, mas também por ver os meus avós e meus pais sempre tão dedicados aos livros. No primário, redação e ditado (o temido livro “Cazuza”) não me assombravam, enquanto Matemática e Física… bom, essas me davam calafrios.

A questão é que toda essa familiaridade com a leitura e escrita chamavam a atenção dos meus professores e também dos meus colegas de classe. Mas o que quero relatar aqui é um episódio em que o Ghostwriting surgiu na minha vida, ainda que de uma maneira um tanto torta, incorreta.

Certa vez, um amigo da minha classe no colégio me contou que estava desesperado por não poder mais tirar uma nota baixa em redação, pois já estava “pendurado” para a recuperação.

  • João, você precisa me ajudar. Não sei mais o que faço! Não sou bom nesse negócio de escrever. E se eu ficar de recuperação, meu pai vai ficar furioso – me disse o amigo, um dia antes da prova, enquanto mostrava aquele boletim dele, que mais parecia uma arquibancada da torcida do Flamengo, cheio de cores preta e vermelha.
  • Cara, por que você não me pediu ajuda antes? – eu perguntei – Bom, nunca fiz isso antes, mas como a tua situação é grave e não dá mais para estudarmos, o único jeito vai ser se eu fizer a tua prova.
  • Ficou louco? – comentou ele, arregalando os olhos – você não sabe nem colar e agora vai fazer a prova no meu lugar? Isso não vai dar certo!

Não tiro a razão dele em ter essa reação. Eu realmente nunca havia sequer colado em uma prova. Mas também não podia ver um amigo nessa situação e ficar de braços cruzados. Então, expliquei todo o plano para ele e, chegada a hora da prova, fizemos tudo como combinado: eu escrevi duas redações no tempo de uma. Primeiro fiz o meu texto e depois troquei com a folha dele em branco e escrevi outra – com outro tema e até mesmo uma letra parecida com a dele.

Não me orgulho de ter feito algo que era contra as regras. Talvez com a maturidade que tenho hoje, não teria feito uma proposta tão insana ao meu colega. Se a professora viu e deixou passar ou simplesmente não desconfiou por eu ser um aluno que nunca havia colado, até hoje não sei bem. Fato é que as duas redações foram escritas e por mais que eu ainda não soubesse, essa foi a minha primeira experiência mais próxima de um trabalho de Ghostwriting.

É bem provável que meu amigo nem saiba disso, mas foi por causa dele que descobri ainda cedo, meu talento. Cerca de 17 anos depois, no ano de 2016, conheci a Central de Escritores, onde pude amadurecer e aprender a forma correta de fazer o verdadeiro trabalho de um Ghostwriter. Desde então, já foram 26 livros escritos para clientes muito satisfeitos e a confirmação diária de que escolhi a carreira certa.

— João Neto

Visite AQUI o Instagram de João Neto para ler mais do autor!

3 Comments

  1. Levi Facó disse:

    Realmente eu me lembro amargamente dos ditados com o Cazuza! Sua proposta foi realmente bem ousada! Nossa! Trocar as provas? Já colei, mas não cheguei nessa ousadia, ainda bem que você desenvolveu o seu talento para a escrita e não para colar em provas! Quer dizer, eu espero que não tenha… Hahahahah! Muito bom o texto, me fez voltar muitos anos no tempo!

  2. Fábio Ciribelli disse:

    Parabéns filho por se tornar alguém
    Que ajuda alguém a ter sua história contada num livro, isso é simplesmente d+.

  3. Pedro Alves disse:

    Cara que história, parabéns!

    Sobre a pesca, não tenho uma história legal…

    Na primeira série, meu primo era meu colega de classe, ele não era bom em matemática e, geralmente ele sentava na cadeira detrás ou guardava a cadeira da frente pra mim em dia de prova. Foi assim na primeira, segunda e metade da terceira série, foi quando no dia da prova decidi terminar antecipadamente e não passar as questões pra ele. Lembro de ver ele pela janela da sala chorando e fui pra casa. Porém, ele não passou de ano, repetiu a terceira série duas vezes.

    Até hoje, tento pensar que tava ajudando ele e, fiz aquilo pra incentivar ele a se dedicar em matemática, no entanto, me arrependo, porque até reforço ele fazia, mas não serviu. Resultado foi meu primo não concluiu o fundamental.

    Acho que ele nem se lembra disso, até hoje me sinto de certa forma culpado por isso e, se pudesse, não teria saido daquela sala de aula.

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